terça-feira, 23 de dezembro de 2014

A FAMILIARIDADE COM O MOVER DE DEUS

Texto: II Samuel 6:1-11
Em II Samuel 6 temos a descrição de como Davi resolveu trazer a Arca da Aliança para Jerusalém. A Arca simboliza a presença de Deus no meio do seu povo, então o que temos aqui é um relato do mover de Deus.
A vontade de Deus é habitar no meio do seu povo e ser o seu conteúdo e satisfação. Mas no meio desse mover a nossa atitude determina se desfrutaremos a bênção de Deus ou não.
Nesse relato temos pelo menos quatro personagens: Uzá, Obede-Edom, Mical e Davi. Cada um deles tocou no mover de Deus de uma forma ou de outra. Com qual deles você se identifica hoje?

A arca da aliança simboliza a presença manifesta de Deus. Uma coisa é a presença imanente de Deus, mas outras é a sua presença manifesta. As escrituras mostram que Deus é onipresente, Ele está em todo lugar. O salmista disse que se eu subir aos céus ele lá estará, se fizer a minha cama no mais profundo abismo lá estará também. Se tomar as asas da alvorada e me detiver nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a sua mão e a sua destra me susterá. Ele diz que se eu andar pelo vale da sombra da morte eu não precisarei temer coisa alguma porque ele está comigo. O nosso Deus é onipresente, Ele está em todo lugar, mas existe um outro aspecto da sua presença, e o que chamo de presença manifesta. 
Na manifestação de sua presença percebemos a sua glória. Nossos corações são cheios da sua vida e transbordamos do rio de sua graça. A arca simboliza está presença, a presença manifesta de Deus. Hoje à semelhança de Davi, nós estamos com um grande clamor no nosso coração. Queremos trazer a manifestação da presença de Deus em nosso meio. Que esse lugar possa tremer quando começarmos a orar. Como podemos trazer a Arca de Deus? Quantos podem dizer que possuem um clamor pela arca em seu coração?
Davi desejava profundamente a presença manifesta de Deus. Então ele reuniu todo o povo para trazer a arca.
Uzá
A palavra do Senhor diz que Davi, querendo trazer a arca, mandou buscá-la na casa de Abinadade. Mas como a arca foi parar ali? Ela não deveria estar no Tabernáculo?
Nos dias de Eli, antes de Saul tornar-se rei, o povo de Israel foi à guerra contra os filisteus. Eles resolveram levar a arca para a frente da batalha como se ela fosse um amuleto, todavia o resultado foi que eles foram derrotados e arca foi levada pelos filisteus. Os filisteus, por sua vez, a colocaram no templo do seu deus chamado Dagon. No outro dia quando eles entraram no templo encontraram Dagon caído diante da arca. Ele colocaram Dagon de pé, mas no outro dia Dagon estava caído com os braços e as pernas quebrados. Isso era um símbolo que diante da presença de Deus todo poder do inferno é quebrado. Mas para piorar as coisas Deus mandou uma praga no meio deles. Apareceram-lhes úlceras. Eles não sabiam se aquilo vinha de Deus ou não, então eles decidiram fazer um teste. Fizeram um carro de boi que não tinha sido usado e colocaram duas vacas que ainda tinham bezerro para guiá-lo. O teste era simples, as vacas com bezerro não se apartam de sua cria de jeito nenhum, mas se aquelas vacas saíssem com o carro em direção a Israel eles saberiam que aquilo era de Deus.
E foi exatamente isso o que aconteceu. As vacas foram caminhando mugindo para Israel. Quando o povo viu a Arca em cima do carro eles pegaram a Arca e a colocaram na casa de Abinadabe. Muitos anos depois Davi quis trazer a Arca para Jerusalém, então ele precisou buscá-la na Casa de Abinadabe.
Davi sabia que nos dias de Saul ninguém tinha se importado com a arca, porque poucos se importavam com a presença de Deus. Davi, porém queria trazer a presença de Deus para o centro do seu reino.
O problema é que Davi não tinha conhecimento de como carregar a arca, por isso resolveu usar do mesmo artifício dos filisteus. Fez um carro de boi para transportar a Arca. Mas ele estava errado. A Bíblia diz que somente os levitas podiam carregar a arca.
Nesse momento entra em cena o primeiro personagem desse mover de Deus, Uzá. Naquele grande dia, quando se reuniram para trazer unção, glória, vida, poder e presença de Deus, a primeira pessoa que se destacou foi Uzá. Mas para a surpresa de todos ele não teve uma experiência muito agradável. Ele não caiu no poder, não sentiu nenhum calafrio, não riu e nem chorou, mas diz a escritura que Uzá tocou na Arca e caiu morto. O que era para ser glória, resultou em morte. O que era para ser poder, resultou em destruição. Porque isso aconteceu? O que Uzá fez para não desfrutar da bênção? Pelo menos quatro coisas podemos perceber na sua atitude.

1. Cuidado com a familiaridade com as coisas espirituais
Uzá era filho de Abinadabe. A Arca havia ficado 20 anos na casa de Abinadabe (I Sm. 7:1-2). Uzá com certeza tinha crescido com a presença da Arca em sua casa. A Arca era um dos muitos móveis presentes ali. Esta familiaridade foi fatal. Ele não via a Arca como algo sagrado, mas como uma peça de mobília.
Uzá cresceu e se tornou um soldado no exército de Davi. Quando chegou o dia que o rei quis trazer a Arca certamente pareceu a coisa mais apropriada pedir a alguém que já estava acostumado com ela para ajudar a trazê-la. Durante o trajeto os bois que puxavam o carro tropeçaram e arca estava quase caindo quando Uzá resolveu segurá-la para que não caísse. Por causa disso caiu morto diante do Senhor. Uzá não podia tocar na Arca, pois apenas os levitas poderiam transportá-la.
Uzá nos fala daqueles que estão acostumados, familiarizados com a arca. Já tem tantos anos que eu participo da igreja e já vi tantas coisas que nada mais me impressiona. Hoje o Senhor está curando! “Eu já vi isso muitas vezes! Diz Uzá.  Apesar de estar perto da arca, de ter sido criado num ambiente da presença da arca, infelizmente ele estava cheio de indiferença. Isso acontece freqüentemente com filhos de crentes. São criados na vida da Igreja e por isso se tornam demasiadamente familiarizados com ela. Eles já conhecem tudo, já viram de tudo e pensam já ter experimentado também de todo o mover de Deus. 
Coitado do Uzá, tão acostumado com tudo sem perceber que perdeu o fluir da vida de Deus. Uma das coisas mais serias da vida é se acostumar com as coisas espirituais. 
Dizem os entendidos que aqueles homens que trabalham com alta tensão não podem trabalhar no mesmo lugar mais de dois ou três meses. Eles precisam fazer um rodízio constante, porque o lugar onde trabalham exige atenção constante, eles devem seguir todos os rituais técnicos e usar todo equipamento de segurança. Mas quando o profissional vai se acostumando ele inadvertidamente pode tocar em algo e morrer.
Esse foi o caso de Uzá, morreu porque estava familiarizado com tudo. Você não receberá nada de Deus se a sua postura for a de Uzá, acostumado com as coisas do céu. Quem está familiarizado assume atitudes críticas porque não consegue entender porque ao seu lado tem alguém se derramando na unção, e um outro nem consegue ficar de pé enquanto ele não sente coisa alguma. A conclusão equivocada é que devem estar encenando. Mas a verdade é que o seu coração, de tão acostumado, tornou-se frio e indiferente. 
Se esse é o seu caso humilhe-se diante de Deus e seja reverente diante das coisas do mover de Deus. Comece uma nova história hoje. Renova aquilo que parecia antigo. Saia da religião e venha para a vida.

2. O mover de Deus não tolera a religiosidade
O que matou Uzá foi algo chamado religiosidade. Foi isso que realmente matou aquele homem, religiosidade, pois só a religiosidade pode causar comodismo; banalização, imprudência e irreverência.
Uzá simboliza o crente religioso. O religioso é aquele que está acostumado com o que é sagrado. É aquele que vive acomodado e por isso mesmo se torna irreverente. Há muitos em nosso meio que não ligam em sair pulando as pessoas que estão cheias do Espírito caídas no chão em nossas reuniões. Não ligam para a ação do Espírito, pois já se acostumaram. Gostam de imitar as pessoas falando em línguas e até profetizando. Banalizaram a glória de Deus. 
Com o passar do tempo qualquer um de nós pode se tornar um religioso. Se nada mais lhe toca, nada mais o comove, se coisa alguma o impressiona, então você se tornou um Uzá. Volte para o mover de Deus.

3. Não tente segurar aquilo que precisa cair
Davi estava usando carros de boi para carregar a Arca, o que era algo contrário ao ensino da escritura. Tudo o que está fora do padrão de Deus precisa ser demolido. Apenas os levitas podiam levar a Arca e mesmo assim sustentada por varais sobre os ombros (Ex. 25:13-15). Antes de edificar, Deus primeiro precisa demolir.
O problema acontece quando Deus está demolindo algo e então tentamos preservar aquilo a todo custo. Quantos estão edificando a casa de Deus fora do padrão, mas ainda assim tentando segurar o que está caindo. Foi Deus quem fez os bois tropeçarem. Os filisteus puderam fazer daquela forma porque não conheciam a palavra de Deus, mas o seu povo é indesculpável. Deus não pode abençoar o que não está em linha com a sua perfeita vontade.
Certas obras precisam ruir, não tente segurá-las. Se você tentar preservar o que o Senhor quer derrubar você pode experimentar morte em vez de vida. Mas a Arca não é de Deus? Certamente sim. Há coisas que são de Deus, mas que precisam ruir para o bem do seu povo.
Uzá estava tentando segurar algo que tinha que cair. Infelizmente alguns estão tentando segurar o que Deus determinou que tem que cair. Para o bem de Davi a arca tinha que cair. Davi é sincero, mas está fazendo a coisa da maneira errada. Para Deus é importante o que você faz, mas é igualmente importante o como se faz. Davi tem o motivo certo, quer fazer a coisa certa, mas está equivocado, não se carrega a arca num carro de boi. Carro de boi nos fala de habilidade humana, nos fala de estratégia filistéia, é um símbolo da carne tentando produzir fruto do espírito. Qualquer igreja, qualquer obra ou qualquer célula que esteja tentando trazer a arca usando uma estratégia da carne tem que cair para o seu próprio bem. 
Quando algo religioso está caindo e você tenta segurá-lo o resultado é que a morte nos é transmitida. Quanto mais você tenta manter pior vai se sentir. Não tente trazer a arca no braço. Deus não precisa da sua ajuda para levar a arca.

4. Deus quer pessoas que obedeçam às Suas ordens e não que O ajudem em Sua obra
O voluntário age segundo o seu próprio entendimento. Presume que a sua boa intenção seja a vontade Deus. Ele não faz por obediência a uma palavra de Deus, mas porque quer ajudar. Por detrás dessa atitude, há uma grande soberba. Quem disse que Deus precisa de ajuda? E quem disse que a pessoa está apta para ajudá-lo?
Uzá é um grande exemplo de voluntário na Bíblia. Você não pensa que a disposição de Uzá de amparar a Arca para que ela não caísse é uma postura até louvável? Talvez devêssemos até agradecê-lo por esse ato voluntário, afinal o que ele fez não foi uma grande obra? Por que, então Deus, se irou com ele? O motivo é que Deus quer pessoas que obedeçam às Suas ordens, mais do que O ajudem em Sua obra. Deus não precisa de ajudantes, Ele busca servos que O obedeçam.

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