terça-feira, 30 de outubro de 2012

A formação da ekklesia (Igreja)


Texto: Mt 16.13-19
Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus.
Introdução
Mas, como a Eclésia era formada? Quem eram as pessoas que faziam parte desse grupo estratégico e quem são as pessoas que Jesus tinha em mente quando afirmou que também estava estabelecendo a Sua Eclésia? Em primeiro lugar a Eclésia é formada por:

1. Pessoas que são chamadas
O dicionário de teologia define a palavra igreja como “aqueles que são chamados para fora”. Era assim que o Império Romano fazia. Ele chamava alguns cidadãos dentre o povo comum para fora. Não era o cidadão que se apresentava para fazer parte da Eclésia. Era o império que chamava aqueles que ele mesmo escolhia.
Assim também somos nós. Cada um de nós só está aqui porque um dia o Senhor nos chamou e nos disse: “Eu estou estabelecendo a Minha Eclésia e quero que você faça parte dela”.
A primeira tarefa de Jesus, ao iniciar o Seu ministério, foi chamar os homens que iriam andar com Ele e seriam por Ele discipulados. Quando Jesus declarou, em Mateus 16, o estabelecimento da Sua Eclésia, Ele já estava preparando Seus homens há muito tempo. Na verdade, ali Ele revelou-lhes o propósito do Seu chamamento.
Sabemos que cada um dos discípulos de Jesus foi chamado nominalmente por Ele. Ele chamou Pedro, Tiago, e João às margens do Mar da Galiléia, e também chamou Mateus na coletoria. Isso é um princípio espiritual. Deus nos chama tanto para a salvação quanto para o seu serviço:

a. O chamamento para a salvação (Ef 2.1-13)
Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas. Portanto, lembrai-vos de que, outrora, vós, gentios na carne, chamados incircuncisão por aqueles que se intitulam circuncisos, na carne, por mãos humanas, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. (Ef 2.1-13)

b. O chamamento para o serviço (Jo 15.16)
Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça [...]. (Jo 15.16)
Ninguém se voluntaria. É o Senhor quem nos chama. Servir a Deus é uma escolha divina. Deus nos chama para a salvação e nos chama também para o serviço. Muita gente pensa que veio porque quis. Mas ninguém vem porque quer. Todos vêm porque ouviram o seu nome ser chamado pelo Senhor.
Se você está aqui hoje é porque o Senhor o chamou. Ele o escolheu. Ele marcou um encontro com você. Você não queria vir, mas Ele o chamou. E seu chamamento é duplo: primeiro você foi chamado para a salvação, depois você foi chamado para o Seu serviço.

2. Pessoas transformadas
Em segundo lugar, a Eclésia é formada por pessoas transformadas. Vejamos o que nos diz os versos de 15 a 18:
Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. (Mt 16.15,18)
Era como se Jesus dissesse a Pedro: “Você era Simão, mas esta revelação liberou sobre você o poder de ser chamado Pedro”, que no grego é Pétros (parte da rocha). Sabemos que a rocha é Cristo.
Olhando a vida de Simão Pedro e sua transformação, percebemos que, durante esse processo, em muitos momentos, ele agiu como Simão, e em outros tantos, como Pedro.
Simão representa a identidade natural. Pedro representa a identidade espiritual.
ØSimão negou Jesus (Mt 26.70), cortou a orelha do soldado Malco (Mt 26.51; Jo 18.10), deixou sua boca ser usada pelo Diabo (Mt 16.22,23).
ØMas Pedro teve a revelação de quem era o Senhor (Mt 16.16), andou sobre as águas (Mt 14.29) e foi a porta da edificação da Igreja.
Veja como Jesus é enfático. Primeiro, Ele diz: “Bem-aventurado és, Simão Barjonas”. Mas, em seguida, Ele diz: “Também eu te digo que tu és Pedro”. Simão significa cana agitada pelo vento.
Pedro significa pedra que é parte da rocha.
A Eclésia era formada por pessoas chamadas do povo comum. Não era um grupo de pessoas especiais. Era gente que estava no meio comum e era chamada para fora.
Mas, uma vez que ela é levantada, agora cada membro assume uma nova postura. A atitude muda, a linguagem muda, a mentalidade muda. Essas pessoas agora deixam de ser um povo comum e passam a ser um grupo especial em uma missão especial.
Na Bíblia, um dos exemplos mais fortes dessa transformação foi a experiência de Jacó com Deus. Sabemos que Jacó tinha um caráter enganador. Ele nasceu brigando, cresceu e viveu enganado e mentindo; mas, como Deus tinha um chamado para ele, Jacó precisou passar por um processo de transformação.
O processo de transformação que Deus opera na vida de um homem envolve dois aspectos: disciplina e quebrantamento. A disciplina trata com suas fraquezas, enquanto o quebrantamento trata com seus pontos fortes.
Os pontos fracos da carne são aquelas coisas feias ou pecados escandalosos. Os pontos fortes são aqueles que têm aparência positiva, mas são reprovadas aos olhos de Deus. Existem pessoas, por exemplo, que se orgulham da sua integridade, da sua espiritualidade, do seu nível de revelação. Elas se acham melhores que as demais. Essas coisas ninguém vê, nem você, mas Deus vê. E a forma de Deus tratar com esse lado forte da carne é através do quebrantamento.
Embora todos os filhos de Deus sejam disciplinados, nem todos são quebrantados. Alguns, quando estão sendo disciplinados, tornam-se mais duros do que antes. Na disciplina, você luta com você mesmo para vencer suas fraquezas; mas, no quebrantamento, você luta com Deus.
Durante vinte anos, Jacó foi disciplinado por Deus na casa de Labão. Este foi usado por Deus para tratar com Jacó, ou seja, Labão foi para Jacó como um espelho de tudo o que ele mesmo era. Isso foi duro para Jacó. Nesse período, Labão fez com ele tudo o que ele fez com os outros durante a vida toda. Mas, depois de enfrentar Labão por vinte anos, Jacó ainda teve de enfrentar Deus sozinho para ser quebrantado (Gn 35.24).
Não tenha dúvida, você também foi chamado para fazer parte da Eclésia do Senhor. E, assim como Jacó e Simão, você terá de passar pela experiência da transformação. Deus sempre usará a disciplina para tocar os pontos fracos de sua carne, e o quebrantamento para transformar os pontos fortes atrás dos quais muitas coisas estão escondidas. Até aquilo que você pensa fazer bem, Deus terá de quebrantá-lo para que você aprenda a depender d’Ele.

3. Pessoas aliançadas
Em terceiro lugar, a Eclésia é formada por pessoas aliançadas. Ela era formada por pessoas que tinham uma aliança em torno de um propósito: o compromisso de levar a cabo as conquistas do reino. Quando aqueles homens chamados do meio dos cidadãos comuns saiam para formar uma colônia nos países conquistados, eles iam movidos por um propósito.
No reino de Deus, tudo o que Deus faz Ele o faz baseado numa aliança. Aliança é um compromisso, uma disposição de andar junto em toda e qualquer circunstância. Infelizmente, hoje a palavra compromisso não é muito valorizada. As pessoas querem tudo “sem compromisso”.
É comum ouvir algo como: “Faça um orçamento sem compromisso”, “Vamos nos relacionar, mas sem compromisso”. E muitos chegam até a convidar outros para conhecer a Jesus sem compromisso, o que é totalmente contrário à natureza de Cristo.
O problema é que muitas pessoas passam a fazer parte da Igreja, mas com esta mentalidade mundana: “Eu vou à igreja de vez em quando, vou à célula, mas não quero compromisso”. Com Deus não é assim. Quem não aprende a andar em aliança não conquista as promessas.
Quando você entende o que Jesus tinha em mente quando falou sobre o estabelecimento da Eclésia, você muda sua atitude.
O Senhor não o chamou para assistir a um culto semanalmente! Ele não o chamou para mudar de religião. Quando o Senhor o chamou, Ele tinha em mente que você fosse parte dessa elite chamada Eclésia, povo separado para a implantação do Seu reino na terra.
Hoje, Deus tem um povo aqui na terra que é representado por Sua Igreja. A Igreja é a materialização de Cristo na terra. Em 1 Coríntios 12, o apóstolo Paulo chama a Igreja de corpo de Cristo. Assim, não é possível ter um compromisso com Jesus Cristo, mas não querer ter um compromisso com o Seu Corpo, que é a Igreja. Estar aliançado com a Igreja de Jesus só vai lhe trazer bênção e segurança.
Há duas imagens na Bíblia que nos ajudam a entender melhor a importância de estar ligado à Igreja de Jesus.

a. O exército
Uma delas é a ideia do exército. Deus é chamado mais de 200 vezes de Senhor dos Exércitos, e há muitos textos bíblicos que nos comparam a soldados (2Tm 2.3,4 ; Ef 6.11). Imagine um soldado que decide lutar sozinho, longe dos companheiros. Claro que esse soldado estará muito mais próximo do fracasso e da morte do que aquele que está com o exército. O conceito de exército é: vários soldados lutando juntos a mesma causa.

b. O rebanho
A outra imagem é a do rebanho. Em João 10, Jesus se autointitula “o bom pastor”, e nós, “suas ovelhas”. Uma ovelha que não anda com o rebanho também está fadada a ser atacada por um predador, cair em uma armadilha e morrer facilmente. Junto com o rebanho e com o pastoreio, ela estará alimentada e segura.
Se você quer conquistar as promessas de Deus para sua vida, é preciso estar aliançado com Ele e com o Seu povo. Rejeite o modelo “sem compromisso”. Deus quer ser o Seu Deus, como foi o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Ele quer ter uma aliança com você. Quanto mais alto for o nível de aliança, mais alto será o nível de bênção e de unção. Você se torna participante de toda unção envolvida naquela aliança.
Eu não quero passar a ideia de que a Eclésia é um grupo especial de pessoas e que é muito difícil fazer parte desse grupo. Absolutamente não. A pessoa que encabeçou a Eclésia de Jesus foi Simão Pedro. Ele representa cada um de nós que teve revelação, mas muitas vezes ainda carece de transformação.
A Eclésia era formada por cidadãos comuns. Mas, quando eles eram chamados, havia a necessidade de uma nova postura. Você já foi chamado por Deus e Ele vai trabalhar em sua vida e em seu caráter até que você possa ter a identidade do homem ou da mulher que Ele deseja.
       Todavia, precisamos ter uma aliança em torno do propósito que o Senhor estabeleu para a conquista da nossa geração.
Palavra pregada no Culto do dia 07/10/2012 na COPOLI pelo Pr. Alex Quina

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